domingo, 4 de dezembro de 2011

Filmes celulares mostram desenvolvimento do diabetes em tempo real em ratos

Pesquisadores criaram os primeiros filmes celulares que mostram a destruição causada pelo Diabetes Tipo 1 em tempo real em modelos de ratos. Visão inédita, detalhada e dinâmica tem potencial para fornecer novas percepções do processo da doença à comunidade científica

Acima uma imagem do vídeo mostrando o ataque
das células T atacando as ilhotas produtoras
de insulina no pâncreas (fonte: La Jolla Institute
for Allergy and Immunology)
Pesquisadores do Instituto La Jolla para Alergia e Imunologia, nos Estados Unidos, criaram os primeiros filmes celulares que mostram a destruição causada pelo diabetes tipo 1 em tempo real em modelos de ratos. 

Esta visão detalhada e dinâmica fornece novas percepções deste processo da doença à comunidade científica, e pode afetar profundamente as futuras direções na pesquisa sobre a doença.


Os filmes celulares representam as primeiras imagens do diabetes tipo 1 de como a doença se desdobra. "Ser capaz de ver essas células produtoras de insulina, enquanto elas interagem no pâncreas, ao invés de em um estado estático sob o microscópio, vai melhorar muito nossa capacidade para encontrar novas intervenções para a doença", observa o pesquisador Matthias von Herrath.


As imagens ajudam a esclarecer processos celulares que anteriormente tinham que ser analisados a partir de fotos, modelos de computador ou experimentos de laboratório. "Eu achava imagens in vivo do diabetes tipo 1 eram inviáveis. Mas, felizmente, eles provaram que estou errado. Esses vídeos mostram as interações celulares em detalhes incríveis, tudo se movendo e este é apenas o início do conhecimento que pode ser adquirido através desta tecnologia", descreve o pesquisador Bart Roep, da Leiden University Medical Center, na Holanda, que considerou o trabalho um avanço tecnológico.


O estudo revolucionário foi possível graças ao uso de um microscópio de dois fótons e um novo procedimento desenvolvido por von Herrath que permitiu o uso do microscópio no pâncreas. O pâncreas é um órgão pequeno, macio e de difícil acesso que há muito tempo apresentava desafios especiais para os investigadores. Até este ponto, a comunidade científica utilizava dois fótons apenas para estudar os linfonodos, o fígado e outros órgãos in vivo, mas nunca o pâncreas.


"O microscópio de dois fotões permite aos pesquisadores "ver" tecidos vivos, a uma profundidade muito maior do que métodos de imagem convencionais. Ele usa pulsos de luz intensa que permite monitorar as interações entre as células sem destruí-las", explica von Herrath.




Os filmes revelam os comportamentos específicos de várias células. "Somos capazes de ver como as células beta, eventualmente, morrem e como as células T imunes acessam o pâncreas a partir do fluxo de sangue", contam os pesquisadores.

Entre as muitas idéias adquiridas, os pesquisadores foram capazes de identificar os vasos sanguíneos específicos por onde as células T entram no pâncreas, como elas lançam um ataque e a sequência temporal dos eventos.

Os filmes também iluminam informações particularmente interessantes sobre o processo de destruição das células beta. As células T se movem aleatoriamente em todo o pâncreas até que se deparam com as células beta que diminuem a velocidade e liberam substâncias tóxicas que, eventualmente, matam as células beta. O mais surpreendente é que este 'beijo da morte' leva um bom tempo, cálculos indicaram uma linha de tempo da ordem de horas para matar um pouco de células beta.

Os cientistas também descobriram o grande número de células T necessárias nos ratos - dezenas de milhões - para produzir a destruição maciça das células beta. "Esses fatores podem ajudar a explicar a longa fase pré-clínica no diabetes tipo 1", observa von Herrath, uma vez que o número de células T no pâncreas humano é significativamente menor do que em camundongos.

"Isso significa que o ataque auto-imune já está em andamento há anos antes que o número de células beta se reduza a um limiar crítico, resultando em diagnóstico clínico", explica ele, notando que 90% das células beta são destruídas em humanos antes que a doença é geralmente reconhecida.

Do ponto de vista terapêutico, os pesquisadores afirmam que os estudos sugerem que pode existir uma maneira de impedir que as células T acessem o pâncreas, em primeiro lugar, já que quando elas fazem isso, adquirem a capacidade de destruir várias células beta ao mesmo tempo.

Fontes: www.portaldiabetes.com.br, www.sciencedaily.com

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