terça-feira, 2 de agosto de 2011

Fortes chances de cura para diabetes tipo 1 através da vacina BCG


Pesquisa desenvolvida no Hospital Geral de Massachussets (EUA) descobre chances de cura para a Diabetes tipo 1. Ainda em fase experimental, ela sinaliza para o uso da vacina BCG na normalização dos níveis de glicemia
As estatísticas da Organização Mundial de Saúde apontam que mais 220 milhões de pessoas sofrem de diabetes no mundo todo. Um estudo desenvolvido atualmente pela professora de Medicina de Harvard e Diretora do Laboratório de Imunobiologia do Hospital Geral de Massachussets, Denise L. Faustman, comprova a eficácia da vacina BCG na normalização dos níveis de glicemia no organismo de um diabético.
O que torna as descobertas desta pesquisa tão promissoras é que os resultados apontados não são paliativos. A injeção de insulina normaliza os níveis de glicose pontualmente, mas novas crises ocorrem. Com essa nova terapia, o metabolismo do diabético é induzido a corrigir a disfunção de atacar o próprio organismo.

Segundo a pesquisadora, abre-se uma nova possibilidade de cura não só para a diabetes, mas também para outras doenças auto-imunes. “Essa pesquisa tem implicações não somente para o futuro do tratamento da diabetes, mas também tem o potencial de impacto no tratamento de outras doenças auto-imunes, incluindo artrite reumatoide, esclerose múltipla, Doença de Cronh e Lúpus”, vislumbra a cientista, no site FaustmanLab.org (www.faustmanlab.org).
Denise L. Faustman nasceu em 1958 (Royal Oak, Michigan nos EUA), é médica e pesquisadora, professora associada de Medicina da Universidade de Harvard e diretora do Laboratório de Imunobiologia no Massachusetts General Hospital. Seu trabalho é especializado em diabetes mellitus tipo 1 (anteriormente chamado de diabetes juvenil) e outras doenças auto-imunes.

Lacunas
Na página virtual, que tem como subtítulo a meta “Pesquisando a cura para diabetes tipo 1”, a cientista explica que, apesar dos bons resultados, há algumas lacunas na pesquisa que precisam ser solucionadas.

Segundo ela, houve variações nos resultados obtidos em humanos. Em algumas pessoas, houve redução significativa das taxas de glicose com uma única aplicação, ainda que temporárias, enquanto em outros pacientes a mesma dosagem não surtiu efeito.

Há mais de 80 anos o composto com o bacilo Calmette-Guerin (BCG) vem sendo ministrado no tratamento contra a tuberculose, mas foi somente em 2008 que se começou a experimentar aplicar essa vacina em pessoas portadora de diabetes tipo 1, os chamados insulinodependentes.

Segundo as pesquisas de Faustman, no organismo humano o bacilo foi capaz de produzir a substância TFN (Fator de Necrose Tumoral) que inibe o ataque autoimune, quando linfócitos destroem as células Betas do pâncreas, responsáveis pela produção de insulina.

Para Faustman, é necessário entender os pormenores da ação do composto BCG para que ela seja controlada. O método que sua equipe desenvolveu em laboratório foi contar as células que desencadeiam a auto-imunidade, checar se a BCG conseguia combatê-lo e em qual proporção.

A pesquisa da Dra. Denise Faustman já se encontra em sua segunda fase de testes. Porém, para prosseguir com as atividades, são necessários 25 milhões de dólares.
O que acontece quando um homem que ficou rico vendendo carros entrega milhões de dólares para uma cientista e diz a ela como gastá-los? Pessoas que estão assistindo a conferência da Associação Americana de Diabetes que começou hoje em São Diego (EUA) estão tendo dicas da resposta a essa pergunta. Denise Faustman, diretora do laboratório de imunobiologia do Hospital Geral de Massachussets (MGH) está apresentando dois resumos de um estudo clínico criado pelo Iacocca Family Foundation com base em Boston, criado pelo antigo CEO da Chrysler Lee Iacocca para apoiar pesquisas que busquem a cura para o Diabetes tipo 1.

Dados de Faustman mostram que baixas doses de uma vacina de 80 anos de idade temporariamente revertem Diabetes tipo 1 na primeira fase do estudo com humanos. A vacina é a BCG, que foi desenvolvida para prevenir tuberculose e agora está disponível como um medicamento genérico. A BCG induz o sistema imunológico a produzir o Fator de Necrose de Tumor (TNF), que mata as células T que fazem com que o pâncreas pare de produzir insulina.
O time de Faustman foi a Fundação Iacocca para receber financiamento após ter portas fechadas em suas caras repetidamente por farmacêuticas. Os cientistas do Hospital fizeram vários testes em animais mostrando que era possível regenerar o pâncreas e então restaurar a produção de insulina em modelos diabéticos. Mas quando os cientistas foram a indústria farmacêutica procurando financiamento para a pesquisa de uma droga que regenera o pâncreas, “todos diseram ’vocês estão revertendo a doença. Como que nós vamos ganhar dinheiro?’” conta Faustman.

Então os cientistas do Hospital passaram anos procurando por uma droga genérica que estimulasse a produção do TNF. A Fundação Iacocca apoiou muito desse trabalho, que envolveu a análise sanguínea de milhares de pacientes diabéticos e a comprovação de que eles podiam usar o TNF para matar as células T ruins. “Um dia, Sr. Iacocca me olhou e disse, ’Denise, quando que você irá curar a Diabetes’” lembra Faustman.
Iacocca instruiu Faustman a mostrar que a técnica trabalhada em um estudo com ratos funcionou, para que isso pudesse eventualmente ser testado em humanos. “Ninguém nunca havia revertido Diabetes em um rato” ela diz. “A filantropia pode assumir riscos. Ele deixou claro que era o dinheiro dele e que ele queria terapias arriscadas realizadas”. Então a fundação colocou U$10 milhões para a primeira fase do estudo com humanos. Tudo sendo dito, o grupo Iacocca é o maior dono único da pesquisa de Faustman.

Essa primeira fase foi designada a responder quarto questões primordiais sobre a BCG, conta Faustman. “Ela mata as células T ruins? Ela induz as boas células T? Ela muda o pâncreas? Ela reinstala a secreção de insulina?” Os dados, ela conta, “mostram respostas positivas nos quatro resultados.”

Uma ressalva, diz Faustman, é que a droga produz um efeito transitório. O que significa que deverá ser tomada em intervalos repetitivos, talvez a cada quatro ou seis semanas. Ainda, diz Faustman, “esse sera o primeiro dado mostrando que o pancreas pode ser restaurado.”

Iacocca fundou sua fundação em 1984 em honra a sua ultima esposa, Mary, que morrei de complicações da Diabetes tipo 1. A fundação não quis comentar essa história. Mas Kathryn Iacocca Hentz – president da fundação e filha de Lee – disse em um discurso “Esses resultados são muito significantes para a família Iacocca. Nós temos apoiado esse trabalho desde que os primeiros estudos em ratos mostraram a reversão da Diabetes de longa duração”.

A fundação deu um presente de tamanho imensurável ao Hospital para apoiar a segunda fase do programa que os cientistas estão planejando agora. O hospital arrecadou U$$8.5 milhões dos U$25 milhões que serão necessários para apoiar o estudo durante os próximos três anos.
Faustman diz que eles precisaram de outros parceiros para arrecadar financiamento adicional, ela está certa de que eles não teriam chegado tão longe sem a ajuda do antigo CEO da Chrysler. “Você deve se perguntar como um homem que construía carros sabia o que nós precisávamos fazer,” ela diz. “Mas ele sabia quais riscos tomar.”
COMO CONTRIBUIR PARA ESTA PESQUISA?

No site oficial do laboratório FAUSTMANLAB.ORG existem várias maneiras de auxiliar e participar desta pesquisa (http://faustmanlab.org/support/support.html). Dentre elas, é possível fazer doações online através do cartão de crédito, acessando diretamente um site específico do Massachussetts General Hospital.

Fontes: Xconomy (Arlene Weintraub)
Traduzido por Marina Ivanenko
Empreender Saúde
Adaptado por: Eduardo Diniz

Diabetes: A um passo da cura?

A ciência está fechando o cerco ao distúrbio que atormenta mais de 240 milhões de pessoas mundo afora. Células-tronco, vacinas e novos medicamentos abrem perspectivas de botar um ponto final no tipo 1 da doença e aumentar o controle sobre o tipo 2, aquele que a cada dia afeta mais gente 

O alvo das promessas terapêuticas que protagonizam esta reportagem é um mal em ascensão, temido como merece ser uma das cinco maiores causas de morte no planeta. A Federação Internacional de Diabetes estima que, daqui a 20 anos, 380 milhões de pessoas ao redor do globo enfrentarão a doença, que, não à toa, é uma das mais estudadas nos meios científicos. Para conter a ameaça, os profissionais de saúde arriscam a busca de tratamentos mais potentes. E, para certos casos, esperam que essas terapias sejam mesmo definitivas. São duas as versões da doença e, tudo leva a crer, o caminho da cura se abriu ao tipo 1, que, apesar de menos frequente, não pode ser prevenido e, geralmente, se mostra mais avassalador. 

Na corrida atrás de uma solução efetiva para essa doença autoimune, que inevitavelmente exige a reposição de insulina todo santo dia, o Brasil está à frente. Um time da Universidade de São Paulo (USP), em Ribeirão Preto, no interior do estado, conseguiu a proeza de reverter o diabete tipo 1 em seres humanos. É um feito único no mundo e isso lhes valeu o primeiríssimo lugar na categoria Saúde e Prevenção do III Prêmio SAÚDE!, uma iniciativa da Editora Abril.

Cautelosos, os vencedores evitam o termo “cura”, mas o fato é que descobriram uma maneira de brecar o ataque em massa à fábrica de insulina, o pâncreas. Como? “Primeiro, demos um jeito de arrasar o sistema imune dos voluntários, mas sem colocá-los em risco de vida”, conta o endocrinologista Carlos Eduardo Couri, um dos autores. “Em seguida, usamos células-tronco — no caso, extraídas dos próprios pacientes — para repovoar as forças de defesa”, continua. E esse exército novo em folha não encostou nem sequer um dedo no pâncreas. Trégua ou paz definitiva? Tomara que seja a segunda opção (vire a página e entenda todo o procedimento).

“É um trabalho inédito mundialmente, realizado com pessoas de 12 a 35 anos com menos de seis semanas de diagnóstico da doença”, conta Couri. O tratamento tem mesmo de ser aplicado enquanto a doença é ainda recente. Quando o mal é mais antigo, as células produtoras de insulina já estão à beira da extinção e, portanto, de nada adiantará barrar apenas a agressão ao pâncreas — as fabriquetas de hormônio que eventualmente tiverem sobrado talvez não sejam suficientes para suprir o organismo.

Os resultados da experiência realizada em Ribeirão Preto são extremamente animadores. “Dos 23 indivíduos que se submeteram à terapia, 14 estão livres de insulina há mais de quatro anos”, revela Couri. Imagine a felicidade de um diabético ao se dar conta de que não precisa mais daquelas picadas diárias. “Esses indivíduos tratados estão sob controle, mas, ainda assim, devem manter uma alimentação completamente equilibrada e praticar atividade física”, lembra o cientista. “É um tratamento bem factível em escala maior. E talvez valha a pena, apesar de ainda não sabermos se o diabete voltará no longo prazo”, comenta o endocrinologista José Marcondes, do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

O trabalho de Ribeirão Preto vem sendo bem acolhido pela comunidade médica, mas os próprios pesquisadores reconhecem os desafios que precisam ser vencidos para a técnica ultrapassar o caráter experimental. “O tratamento ainda é caro, requer uma equipe muito bem treinada. Por isso, ainda não pode ser feito em qualquer lugar”, diz Couri. Além disso, tem lá os seus riscos. “No período de imunidade baixa, logo que destruímos o sistema de defesa original, o paciente pode adquirir infecções graves. Daí a necessidade de muitas doses de antibiótico”, explica. “Por sorte, até o momento só dois indivíduos pegaram infecções assim e nenhum deles morreu.” Ou seja, aos poucos a terapia está provando sua segurança.

está provando sua segurança. Na mesma marcha, lenta e segura, pesquisadores da Universidade Linkoping, na Suécia, bolaram outra estratégia para frear o diabete tipo 1. Eles desenvolveram uma vacina, feita com uma enzima chamada GAD, que mora dentro das células beta. Quando essas células são agredidas e se rompem, liberam a tal substância, o que acaba atraindo mais unidades de defesa para dar pancada no pâncreas. “Ou seja, a GAD ajuda a amplificar o ataque”, resume Freddy Eliaschewitz, que também é coordenador médico do Núcleo de Terapia Celular e Molecular da USP. O estudo sueco, realizado com 70 pessoas de 10 a 18 anos, mostra que a vacina reduz a agressão ao pâncreas porque ensina o sistema imune a parar de caçar o GAD. A doença então evolui mais devagar — mas evolui. Os voluntários imunizados ainda necessitam de aplicações diárias de insulina para controlar o mal, só que em doses menores. “O problema dessa terapia é que ela não age sobre a causa da doença, apenas não deixa que piore. Os pacientes continuam a ser diabéticos”, diz Eliaschewitz.

Para o médico, outra esperança para silenciar de vez o tipo 1 está nos anticorpos monoclonais — já usados contra o câncer e a artrite reumatóide. No caso do diabete, essas drogas de última geração, ainda sob estudo, seriam capazes de apontar sua mira precisa contra os linfócitos T que ameaçariam o pâncreas. “Bloqueados, eles não conseguiriam atacar a central de produção de insulina”, explica Eliaschewitz 
O mais provável, porém, é que o pote de ouro, ou melhor, a cura do diabete, esteja de fato nas células-tronco — especificamente nas mesenquimais, retiradas da medula óssea, capazes de desempenhar diversas funções no organismo. Cientistas de todo o planeta — e o grupo de Ribeirão Preto marca presença novamente — já começam a testá-las com o objetivo de aplacar a doença. A idéia agora é induzir esse tipo de célula-tronco a cumprir outra missão no pâncreas. “Ela regeneraria as células beta pancreáticas e, de quebra, recriaria o sistema imune”, anuncia Couri. Imagine só: um pâncreas a todo vapor, livre de agressões e com insulina garantida a vida inteira. A ciência, devagar e sempre, promete que um dia chegará lá.

A ciência também planeja aprisionar o diabete tipo 2. Ainda mais porque esse vilão se dissemina velozmente pelo planeta. Se de um lado o mal pode ser evitado com um estilo de vida que combine dieta equilibrada e exercícios físicos, de outro as chances de cura parecem estar mais distantes do que a do tipo 1 — algo que pouca gente imagina. Até o momento, quando se fala em remissão do tipo 2 em seres humanos, o assunto não escapa da mesa de cirurgia e vem cercado de polêmica.

Seriam dois os caminhos para eliminar esse diabete via bisturi. O primeiro é a cirurgia bariátrica, que, ao promover a redução do estômago, dá um basta aos quilos a mais. “Ela reverte o tipo 2 por causa da própria perda de peso”, diz a endocrinologista Márcia Nery, chefe da Unidade de Diabetes do Hospital das Clínicas de São Paulo. Então só os rechonchudos tirariam proveito dela? “O procedimento nos mesmos moldes, só que para não obesos, tem mostrado algum sucesso, mas ainda é experimental”, responde a médica. A outra opção cirúrgica é uma controversa operação no intestino, que alteraria a síntese do GLP1, hormônio que instiga a produção de insulina. Não se tem clareza de que funcione pra valer — e os riscos são elevados.

No terreno dos medicamentos, os estudiosos pensam em novas armas para melhorar a ação da insulina. É o caso dos inibidores de DPP4, uma enzima que diminui a sobrevida do GLP1 e, assim, atrapalha o papel da insulina. O laboratório alemão Boehringer Ingelheim prepara para 2010 uma droga dessa família. “Ela é mais precisa e 100 vezes mais potente do que os outros inibidores”, conta Marcus Magliano, gerente de pesquisas no Brasil. O mesmo laboratório investe também em um remédio dotado de outra estratégia contra o mal: eliminar o excesso de açúcar do sangue pela urina. “Embora seus estudos sejam mais precoces, ele pode inaugurar uma nova classe terapêutica”, diz Sonia Dainesi, diretora médica da Boehringer.

Enquanto todo esse arsenal não está ao dispor dos diabéticos, eles devem continuar de olho na dosagem da glicose, tomar seus medicamentos (se necessário, aplicar a insulina) e zelar por um menu balanceado e pela prática de atividade física. “O problema do diabete é a necessidade constante de controle. As complicações não são causadas pela doença em si, mas porque ela está desgovernada”, diz Marcos Tambascia, professor da Unicamp. Seja tipo 1, seja tipo 2, o diabético tem que fazer sua parte enquanto aguarda a cura.
Entenda o tipo 1
Entre 5 e 10% dos pacientes, a doença apareceu assim: as defesas, em um ataque contra o próprio corpo, passaram a destruir o pâncreas ainda na infância ou, no máximo, na juventude. “O sistema imunológico deixa de reconhecer as células beta, que produzem a insulina na glândula, e passa a enviar anticorpos para eliminá-las”, descreve o endocrinologista Freddy Eliaschewitz, do Hospital Israelita Albert Einstein, em São Paulo. “No diabete tipo 1, cerca de 80% dessas unidades ficam destruídas”, calcula o médico José Marcondes. Ainda não se sabe muito bem o que desencadeia a confusão. “Pode haver desde uma predisposição genética até um fator ambiental, como um vírus, capaz de modificar a célula beta, que então se tornaria irreconhecível ao organismo”, diz Eliaschewitz.

Entenda o tipo 2
Essa versão da doença se encontra em franca expansão. Hoje representa 90% dos casos, mas sua participação poderá aumentar. E pior: está dando as caras cada vez mais cedo. “Ela tem aumentado entre os jovens porque está relacionada ao sedentarismo e à obesidade”, afirma a endocrinologista Márcia Nery. A encrenca por aqui diz respeito à própria insulina, que não consegue desempenhar a sua missão: permitir que o açúcar entre nas nossas células. “O hormônio então não age direito sobre os músculos”, exemplifica José Marcondes. Para aumentar sua eficácia, o paciente precisa tomar remédios. Ou, como fica sobrando glicose na circulação, o pâncreas tem de suar para produzir mais e mais insulina, desgastando-se cada vez mais, e produzindo uma quantidade sempre maior de hormônio defeituoso e ineficiente. “Passados dez ou 20 anos, de tão sobrecarregada, a glândula tende a falir”, diz Marcondes. E, com isso, o diabético terá de apelar para o hormônio sintético, como se tivesse o tipo 1 do problema.


Uma nova insulina 

Quem padece do diabete tipo 1 ou apresenta o tipo 2 há mais de 20 anos precisa aplicar a versão sintética do hormônio diariamente. “O paciente tem de usar dois tipos de insulina: uma de ação prolongada e outra de ação rápida, injetada imediatamente antes da refeição”, diz o endocrinologista Marcos Tambascia, da Universidade Estadual de Campinas, a Unicamp. Determinar a dose certa costuma ser um tremendo desafio — sobretudo para crianças, idosos e portadores de qualquer doença. O risco é faltar apetite e a pessoa tomar insulina demais antes de comer. Daí, lá vem a hipoglicemia. Para contornar situações do gênero, surge uma novidade no mercado. “Trata-se de uma molécula chamada glulisina, que, dentro do corpo, faz as vezes de insulina e pode ser aplicada depois da refeição”, explica Tambascia.

Entenda por que a terapia desenvolvida por cientistas brasileiros é capaz de banir o diabete tipo 1

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por Diogo Sponchiato I infográfico Letícia Raposo e Érika Onodera

1 ) Na doença, o próprio sistema imunológico se volta contra as células beta, unidades do pâncreas que fabricam a insulina. As forças de defesa enviam anticorpos para exterminá-las.

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2 ) Para acabar com o ataque, os médicos submetem o paciente a sessões de quimioterapia. O objetivo é fazer as células-tronco hematopoéticas — aquelas que, mais tarde, formariam o arsenal imunológico — se desgrudarem do interior dos ossos.

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3 ) Ao dar adeus à medula óssea, essas células caem na circulação, onde ficam soltas. Os cientistas, então, aproveitam para extraí-las do sangue e, em seguida, guardá-las no laboratório. Todo o processo dura uns três dias e o diabético volta para casa.

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4 ) Passado um tempo, o paciente é internado de novo — só que agora são 30 dias de hospital para receber sessões pesadas de quimioterapia, que aniquilarão de vez o seu sistema imune. Sem defesas, ele permanece sob vigilância total, tomando, por exemplo, antibióticos.

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5 ) No sexto dia de internação, os médicos reintroduzem as células-tronco. Aos poucos, elas formam as novas unidades de defesa do organismo. Mas, por serem desprovidas de memória, não agridem as células beta. Em trégua, elas produzem insulina em paz.

Fonte: Carlos Eduardo Couri, endocrinologista do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, em Ribeirão Preto